quinta-feira, 14 de maio de 2009

A poupança balança...

Chegou a hora de mexer na poupança. Não dá mais pra segurar. Com a queda da taxa SELIC - primordial para fomentar uma economia combalida pela crise - os fundos de investimentos também despencaram. Longe dos 14% ou 15% brutos de antigamente, esses fundos, que carregam certo grau de risco, pagam IR sobre rendimentos e possuem taxa de administração dos bancos , rendem hoje não mais que 10% ao ano. Nesse cenário, investidores passaram a ver com outros olhos uma aplicação nunca antes cogitada por eles: a poupança. E a razão é muito simples: a poupança garante por lei rendimento de 0,5% ao mês, ou 6% ao ano. Sem risco. Sem impostos...

Resultado: o governo teme que os investidores rumem em massa para a caderneta. Isso porque o dinheiro da poupança (são quase 90 milhões de contas) é usado basicamente para financiar a habitação. E o dinheiro dos outros fundos é usado basicamente para rolar as dívidas. Uma forte migração para um dos lados desestabilizaria o sistema de crédito do país. Encurralado, o governo não tem saída. Vai mexer nas regras da poupança, e já anunciou planos de tributar aquelas cadernetas com mais de R$50 mil. Isso atinge apenas 1% do total de poupadores, mas desgaste político já está instalado. O PPS amedrontou a população em um comercial televisivo, relembrando o trauma sofrido pelos brasileiros quando Collor congelou o dinheiro de todos, e comparando uma situação com a outra. Pura pirotecnia política, mas com resultado político considerável. PSDB e DEM também querem tirar lascas do episódio, e prometem lutar contra as novas regras em plenário... O PT vive seus momentos de PSDB, quando decisões acertadas traziam imenso desgaste, como nos casos das privatizações.

Desgastes à parte, o fato é que o governo está empurrando o problema com a barriga. Como os juros seguem com forte viés de baixa, chegará um momento em que será preciso mexer na raiz do problema: os 6% ao ano garantido por lei para aplicadores de poupança, que passarão a ser inviáveis. Provavelmente ninguém irá encarar este ônus, e a conta será paga lá na frente. Por hora, o governo não resolve o problema, e para um alto preço só para empurrá-lo mais pra frente.
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