sábado, 13 de novembro de 2010

Projetando o futuro governo Dilma.


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Sinceramente, torço muito para que a Dilma faça um bom governo. Sou empresário, e sei que meus negócios - e os de todo mundo - dependem diretamente de uma economia saudável e bem aquecida.

Mas apesar de considerar que a nova presidente pegará o país em uma situação confortável (melhor que o Lula pegou e anos-luz melhor que o FHC pegou), acho que Dilma poderá ter dificuldades.

O centro da meta de inflação é de 4,5%. Em qualquer país que trabalhe com metas de inflação, este é o foco. E a ferramenta mais conhecida para se buscar este alvo é a taxa de juros. Em um cenário de alta inflacionária, o BC sobe os juros e esfria um pouco a economia, trazendo a inflação de volta ao controle.

Pois bem. Estamos vivendo exatamente este cenário agora. O centro da meta já ficou distante, e este ano a inflação irá superar os 5%. No acumulado de 12 meses, a inflação oficial já bate 5,2%. Parece pouco, mas o mercado não vê assim. Permitir que a inflação fuja do centro da meta dá a entender que o BC não é tão independente quanto deveria ser, e isso é péssimo.

E para piorar esse quadro, já corre a notícia de que a Dilma deverá substituir o ótimo Henrique Meirelles por um presidente de BC mais "desenvolvimentista". Em outras palavras, por alguém que force a queda mais rápida dos juros, como se isso fosse possível. Juros mais baixos sem contenção de gastos significam economia aquecida, mas com inflação em alta.

É preciso baixar os juros, e isso é consenso. No Brasil se paga uma das maiores taxas do mundo. Mas o caminho para esta queda deve ser o da contenção dos gastos públicos, e das reformas estruturais que o país tanto precisa. A futura presidente conta com ampla maioria no Congresso para isso, mas sinceramente não vejo mostras de que tenha esta intenção, infelizmente.

domingo, 7 de novembro de 2010

Aécio, e só ele, pode dar fim à "era PT".

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Observe o mapa abaixo...







É a evolução de votos presidenciais dados para o PT e para o PSDB em 2002, 2006 e 2010. Vamos então analisar algumas máximas, que considero bastante verdadeiras...



1. A candidata do PT em 2014 deve ser Dilma Rousseff.

Se Dilma fizer um bom governo, tudo leva a crer que será novamente a candidata do PT à presidência da República (caso a reeleição resista até lá). Seria algo pouquíssimo provável que o presidente Lula voltasse à disputa neste cenário. E na hipótese do governo Dilma não ser tão bom, a popularidade do Lula também seria fortemente afetada, já que ela é sua cria, e chegou onde chegou apenas e tão somente por sua indicação.



2. Não teremos, novamente, uma terceira força competitiva.

Cada vez mais, as eleições presidenciais por aqui se tornaram uma disputa polarizada entre PT e PSDB. Não há hoje um nome no PMDB ou no PSB que rivalize com o de Dilma, ou o de Lula. Não há um nome no DEM ou no PPS que rivalize com o de Aécio, ou o de Alckmin. O PSB, assim como os outros partidos mencionados, anuncia a vontade de lançar candidato próprio. Isso de certa maneira transmite uma mensagem ao eleitorado de que o partido está musculoso, fortalecido. Mas com a aproximação do pleito, a tendência é de que as forças se reúnam em torno daquele candidato com mais condições de vencer, e eles estão no PT e no PSDB.

Sozinho, o PV não é capaz de se tornar competitivo. O partido tem baixíssima capilaridade nacional e pouquíssimo tempo de TV. Marina Silva protagonizou uma belíssima onda verde na última eleição, mas é muito difícil que ela se repita. Boa parte de seus votos - talvez a metade deles - não foram votos marinistas ou votos ecológicos. Foram de eleitores que não gostaram da escolha (ou da imposição) do nome de Dilma Rousseff, e que detestam o candidato Serra. Não tendo para onde correrem, esses eleitores descarregaram seus votos na candidata mais neutra, Marina Silva.



3. Brasil dividido ao meio.

Vê-se claramente que o mapa do Brasil está dividido ao meio. Essa divisão, a grosso modo, é até patrocinada pelo PT e pelo presidente Lula. A parte vermelha do mapa, pouco instruída e amplamente atendida por programas assistencialistas, vota no PT (norte de Minas Gerais para cima), enquanto uma outra parte, a de baixo, com habitantes com mais anos de estudo e renda mais alta, vota no PSDB. Salvo exceções, esse quadro irá permanecer para 2014. E o candidato tucano, seja ele qual for, terá os votos da parte azul.






Projetando 2014

Agora imagine este mesmo mapa, mas com Minas Gerais e Rio de Janeiro pintados de azul. Juntos, estes estados possuem 23 milhões de eleitores, e desde 2002 dão vitória ao candidato petista nas eleições presidenciais. Fatalmente o candidato tucano sairia vitorioso se conseguisse ganhar nestes dois estados. E não é nada difícil imaginar que apenas um político poderia alcançar o feito: Aécio Neves. Ele teria 70% - ou mais - em Minas Gerais.

E no Rio de Janeiro, Aécio poderia obter um ótimo resultado - muito melhor do que os tucanos vêm conseguindo obter por lá, já que ele é muito próximo de toda a casta artística da capital, que dita os costumes e os comportamentos em todo o estado. Aécio é amigo pessoal de vários "globais", apresentadores de TV, bandas de música, atrizes e atores, e etc. Fala do Rio, e para o Rio, com muito mais naturalidade que Serra ou Alckmin o fazem. Por muito menos, na despedida do Aécio do governo de Minas, vários artistas gravaram depoimentos de apoio, como Maitê Proença, Alceu Valença, Ziraldo, Fagner, Renato Teixeira, Milton Nascimento, Samuel Rosa, Christiane Torloni (ver vídeos abaixo)…




Renato Teixeira e Samuel Rosa (Skank)
http://www.youtube.com/watch?v=4uUsO1istCk&feature=related

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Raimundo Fagner e Lô Borges
http://www.youtube.com/watch?v=sJ6b7_1v7vM&feature=related

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Fernanda Takai e Alceu Valença
http://www.youtube.com/watch?v=jJEnvKCnbR8&feature=related

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Maitê Proença e Ziraldo
http://www.youtube.com/watch?v=Qwsg24Ywn6w&feature=related

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Rogério Flausino e Christiane Torloni
http://www.youtube.com/watch?v=q7ZAC3OEm88&feature=related

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Quantos não gravariam por ele se Aécio Neves fosse candidato a presidente? A onda seria irreversível. Algo semelhante à Obamamania vista em 2008 nos Estados Unidos.

Por sua ideologia, Aécio é aquele que mais tira votos dos admiradores do presidente Lula, e dos petistas insatisfeitos. Tem um "leque político" maior que o leque dos concorrentes, por assim dizer. Eleitores mais conservadores votam nele (talvez por falta de opção), mas também esquerdistas tradicionais o fazem. É também, entre os nomes do PSDB, aquele que tem sua imagem menos ligada à injusta pecha, colada nos tucanos por petistas, de “governar para os ricos”. Se considerarmos que os votos dos psdbistas estarão com qualquer tucano escolhido, cabe ao partido tentar conquistar uma parte dos votos do eleitorado adversário...

Não bastasse isso, Aécio é jovem, bem apessoado, fala muitíssimo bem e tem uma trajetória política admirada. É neto de Tancredo Neves, político querido em todo o território nacional, que acabou por se transformar em mito após morrer sem assumir a presidência da república, em 1985.

Dentro do PSDB, partido que ajudou a fundar, Aécio é ligado a vários governadores recém-eleitos, como Alckmin, Beto Richa e Marconi Perillo, o que pode lhe dar amplo apoio político interno. Encontra bom trânsito em partidos hoje governistas - casos explícitos do PMDB e do PSB - o que certamente ampliaria sua base partidária de apoio (desfalcando a base partidária petista).

Sem passionalismos. O candidato tucano em 2014 deve ser Aécio Neves. Em 2010 provou-se mais uma vez que um candidato se faz conhecido durante a campanha, com a forte exposição a que é submetido, e não antes dela. Note-se que ninguém conhecia a candidata Dilma Rousseff no Amazonas, e ela terminou o segundo turno com 81% dos votos válidos no estado.

O ano de 2014 marcará o fim da "era PT” na presidência da República, ao menos por uns bons anos. Isso, claro, se o PSDB não trocar, mais um vez, os pés pelas mãos.

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Palocci, o moderado.


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Dilma venceu. Teve 56% dos votos válidos no segundo turno e venceu. A democracia brasileira deu mais uma vez prova inequívoca de que é vigorosa. Afora os abusos cometidos por ambos os lados, principalmente pelo próprio presidente Lula, chegamos ao fim de mais uma jornada eleitoral.

Mas com quem Dilma irá governar? Que turma estará ao seu lado? Quem terá trânsito livre em sua sala presidencial?

O nome mais cotado é o de Antônio Palocci. Foi ele que entrou no carro que levaria Dilma para a festa da vitória. Só ele entrou. Palocci ficou ao lado de Dilma durante toda a festa, e o discurso lido por Dilma foi escrito a quatro mãos: as maõs dele e as dela (aposto meus vintens como ela só escreveu o "boa noite").

Palocci será o nome forte do governo Dilma, e isso nem de longe é uma notícia ruim. Poderia ser muito pior. O ex-ministro do Lula cometeu a besteira de se envolver na quebra do sigilo do caseiro Francenildo, e acabou caindo por isso. Se não tivesse caído, seria o candidato do Lula, e com enormes chances de vencer no primeiro turno. Afinal, Antonio Palocci é muito, muito, muito melhor que a Dilma. E se o braço direito dela não fosse o Palcci, poderia ser o Zé Dirceu. Este sim, um horror completo. O crime do Palocci contra o Francenildo vira roubo de pirulito perto dos crimes do Zé Dirceu, chefe da quadrilha do mensalão.

Palocci e Dirceu são de turmas diferentes. O primeiro é da ala moderada, com viés técnico, mais que político. O segundo é da ala totalmente radical, e com forte viés político. Aparentemente, pelo que se viu na campanha, Dilma estaria muito mais próxima de Dirceu que de Palocci. Dilma, como o próprio Dirceu disse, é sua "companheiro de armas". O petista xiita concedeu entrevistas durante a campanha, mandando e desmandando em um eventual governo Dilma. Uma em particular, na rádio CBN, chega a assustar, tamanha a desenvoltura com que ele narra o futuro. "Dilma não é Lula, e quem vai decidir os cargos é o PT", disse Dirceu em outras palavras.

Ao que parece, Lula ainda nem passou a faixa presidencial, mas já está mexendo seus pauzinhos. Após a derrota tucana, e vendo o risco de um governo radical por parte de Dilma Rousseff, temos ao menos uma boa notícia.

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