domingo, 17 de maio de 2009

Aécio cogita aceitar vice-presidência...


A turma - e não é pouca gente - que apostava em um racha no PSDB por causa da disputa interna entre Serra e Aécio pela vaga tucana para presidente em 2010 pode ir repensando. O PSDB parace ter conseguido, pelas mãos de FHC, o que parecia bastante improvável: fazer com que Aécio aceitasse a vaga de vice-presidente numa chapa "puro sangue".

Mas Aécio tem os seus motivos para ceder. Querendo ou não, sem nome ainda não emplacou nacionalmente. Sua altíssima popularidade ainda não ultrapassa as montanhas de Minas, e o mineiro segue de lado nas pesquisas eleitorais. Por outro lado, Serra segue imbatível, mesmo com o enorme esforço de Lula para fazer avançar a candidata petista Dilma Rousseff. Mesmo no Nordeste, região fortemente abastecida pelos planos assistencialistas do governo federal, Serra lidera, e não há como desconsiderar isso.

Dada a força de Serra, restaria a Aécio uma vaga (garantidíssima) no Senado Federal, já que ele está em seu segundo mandato como governador. Mas o Senado vive, talvez, o pior momento de sua história, e haveira a possibilidade do governador perder parte do seu prestígio nas seguidas mancadas dos nobres colegas. Aécio não quer correr esse risco.
Como vice, Aécio alcançaria seu objetivo maior: ser conhecido nacionalmente. Certamente ele não seria um vice apagado; um vice de bastidores. Teria, ao contrário, participação especial na campanha - e também no governo, com cargos e poder. De quebra, Aécio tem a promessa de Serra e do PSDB de colocar em discussão o fim da reeleição, com o mandato presidencial sendo estendido para 5 anos (questão quase consensual entre os partidos). Aécio, mais conhecido nacionalmente após 4 ou 5 anos como vice-presidente, brigaria com Lula em 2014 ou 2015...

Se Serra e Aécio ficariam satisfeitos com este cenário, o PSDB ficaria ainda mais. A decisão acabaria com a divisão no partido, colocando no mesmo barco as duas estrelas tucanas. Se Serra vai bem nas pesquisas de opinião, certamente não é por causa do voto dos jovens, dos mineiros e dos cidadãos, digamos, mais "esquerdistas". E é justamente nestes nichos que Aécio pode ajudar...

Mas como ficam o DEM, o PPS, a parcela do PMDB que é contra o governo? Bem... É preciso conversar bastante, mas é possível costurar uma aliança sólida com os outros partidos em torno da chapa puro sangue, na medida em que fique claro para todos que esta chapa é fortíssima, e que chega para ganhar. Aécio acrescenta mais votos que um vice desconhecido de um partido aliado, e isso é fato. Uma chapa apenas com tucanos não significa que o partido governaria sozinho em caso de vitória, e basta explicar isso aos aliados. A participação deles em um futuro governo pode ser tão expressiva quanto seria em uma chapa "convencional", com a vice-presidência nas mãos de um partido aliado.

No grosso, o PSDB saiu na frente do PT na corrida para 2010. Enquanto os tucanos discutem o quão forte seria uma chapa pura, os petistas discutem quem substituiria Dilma caso seu problema de saúde vá mais longe que o previsto.
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quinta-feira, 14 de maio de 2009

A poupança balança...

Chegou a hora de mexer na poupança. Não dá mais pra segurar. Com a queda da taxa SELIC - primordial para fomentar uma economia combalida pela crise - os fundos de investimentos também despencaram. Longe dos 14% ou 15% brutos de antigamente, esses fundos, que carregam certo grau de risco, pagam IR sobre rendimentos e possuem taxa de administração dos bancos , rendem hoje não mais que 10% ao ano. Nesse cenário, investidores passaram a ver com outros olhos uma aplicação nunca antes cogitada por eles: a poupança. E a razão é muito simples: a poupança garante por lei rendimento de 0,5% ao mês, ou 6% ao ano. Sem risco. Sem impostos...

Resultado: o governo teme que os investidores rumem em massa para a caderneta. Isso porque o dinheiro da poupança (são quase 90 milhões de contas) é usado basicamente para financiar a habitação. E o dinheiro dos outros fundos é usado basicamente para rolar as dívidas. Uma forte migração para um dos lados desestabilizaria o sistema de crédito do país. Encurralado, o governo não tem saída. Vai mexer nas regras da poupança, e já anunciou planos de tributar aquelas cadernetas com mais de R$50 mil. Isso atinge apenas 1% do total de poupadores, mas desgaste político já está instalado. O PPS amedrontou a população em um comercial televisivo, relembrando o trauma sofrido pelos brasileiros quando Collor congelou o dinheiro de todos, e comparando uma situação com a outra. Pura pirotecnia política, mas com resultado político considerável. PSDB e DEM também querem tirar lascas do episódio, e prometem lutar contra as novas regras em plenário... O PT vive seus momentos de PSDB, quando decisões acertadas traziam imenso desgaste, como nos casos das privatizações.

Desgastes à parte, o fato é que o governo está empurrando o problema com a barriga. Como os juros seguem com forte viés de baixa, chegará um momento em que será preciso mexer na raiz do problema: os 6% ao ano garantido por lei para aplicadores de poupança, que passarão a ser inviáveis. Provavelmente ninguém irá encarar este ônus, e a conta será paga lá na frente. Por hora, o governo não resolve o problema, e para um alto preço só para empurrá-lo mais pra frente.
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