quinta-feira, 26 de agosto de 2010

À espera de um milagre...





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Faltam ainda 40 dias para a eleição presidencial em primeiro turno. O horário eleitoral mal começou. Os candidatos tucanos a governador estão se saindo melhor que os petistas. Serra é um candidato experiente, bom administrador, com um passado irretocável e um presente de conquistas no estado de São Paulo. É visto como o melhor ministro da saúde que o país já teve em sua história recente - e a saúde é justamente o tema mais relevante na vida dos eleitores, segundo as pesquisas. Estes seriam ótimos motivos para que José Serra marchasse animado.

Mas ao contrário, o PSDB não se acerta a nível nacional. Qual o discurso do candidato José Serra? Que mensagem o seu partido tenta passar ao eleitor, se Serra ora ataca o Lula, ora aparece ao seu lado na sua própria propaganda eleitoral (veja imagens)? O fato é que o PSDB nacional ainda não se achou, e esse vai-e-vem amplifica a falta de um posicionamento claro.

Serra deveria - e ele tem tentado - se apresentar como aquele mais capaz de dar prosseguimento ao bom momento que a economia brasileira vive. Deveria - e ele tem tentado - elogiar o Lula e o seu governo. Críticas pontuais podem, obviamente, ser feitas, mas pesquisas indicam que o eleitorado indeciso dá nota 8 para o atual governo, e sendo assim, atacar frontalmente o presidente Lula seria suicídio político.

A razão do insucesso momentâneo do PSDB no âmbito nacional definitivamente não é fácil de se explicar, mas vou tentar enumerar alguns pontos...


1. Fica claro, mais uma vez, que um candidato pode sair de um percentual baixo e conquistar terreno ao longo da campanha. Isso está ocorrendo com a Dilma, afinal. Não que se deva rasgar pesquisas eleitorais no momento de se decidir quem será o candidato, mas nem de longe essa deve ser a razão principal da escolha. Erro estratégico do PSDB.

2. O PSDB optou - acertadamente, ao meu ver - por elogiar o governo federal. Não o faz de maneira clara e evidente, mas foi essa a opção. Mas o partido escolheu para isso um candidato que tem uma imagem absolutamente de oposição ao presidente Lula. Serra já o enfrentou nas urnas, e é muito ligado ao ex-presidente FHC. É, em síntese, um anti-Lula nato. Elogiar, nessa situação, é complicado. Erro estratégico do PSDB.

3. Aliados, tucanos ou não, temendo o vínculo de seus nomes com o de Serra, optaram por não entrar de cabeça na campanha nacional, ao menos no início. Isso vale para o Aécio, para o Beto Richa, para o Perillo e até para o Alckmin. Vale também para o Tasso, o Agripino, o Demóstenes, Garibaldi e para muitos outros. Exceção honrosa para Roberto Freire, mas este é candidato a deputado federal e não teria muitos motivos para temer o tal vínculo. De toda maneira estaria eleito.

4. De alguma forma, o PSDB está muito concentrado em São Paulo. Não o partido como um todo, mas as decisões. Claro que o partido é muito forte no estado, mas o reflexo desse poderio está desproporcional. Desde a redemocratização, temos apenas candidatos tucanos "paulistas" para presidente. Covas em 1989, FHC, duas vezes nos pleitos seguintes, Serra em 2002, Alckmin em 2006 e Serra, novamente, em 2010. Esse fato apenas contribui para que lideranças de outras regiões se sintam desestimuladas.


A eleição não acabou. Ainda temos muita campanha pela frente, e tudo pode acontecer. E mesmo que os brasileiros elejam Dilma Rousseff, o Brasil não vai acabar. Nós, cidadãos brasileiros, temos muito mais impacto nas nossas próprias vidas que os presidentes que elegemos. Mas o PSDB e sua militância passam a trabalhar, agora, à espera de um milagre.