segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O discurso tucano deve mudar em 2010...


2010 está aí. A eleição presidencial está aí. Daqui a 10 meses, os brasileiros estarão novamente nas urnas para escolher aquele - ou aquela - que presidirá o país pelos 4 anos seguintes. Na disputa anunciada, Serra (PSDB) e Dilma (PT) já preparam as suas artilharias. A chance deles se enfrentarem é muito, muito grande. Assim como em eleições anteriores, os partidos satélites já se ajeitam para polarizar a disputa entre tucanos e petistas.

Na última eleição presidencial, em 2006, quando Lula enfrentou Geraldo Alckmin, o foco dos tucanos foi partir para o confronto direto. Criticando "tudo isso que aí está", e tentando levantar ainda a bandeira da criação do Real e a da vitória contra a inflação, em 1994, o PSDB tropeçou. A bandeira era verdadeira, mas estava velha e desgastada. E o "tudo isso que aí está" estava bom na opinião daqueles que, ao final das contas, decidem toda eleição: os eleitores. Lula já contava àquela altura com boa aprovação popular, e esta falha de discurso - somada à falta de união partidária - levou o PSDB a mais uma derrota.

Mas é com os erros que se aprende, afinal. O PSDB parece estar muito mais unido agora em 2010 do que estava em 2006. Aécio Neves, mesmo aparentemente magoado por não ter conseguido seguir na disputa interna com seu colega José Serra, tem se comportado como um homem de partido. Mais que isso, o governador mineiro parece estar em grande sintonia com o paulista, e apesar de negar que possa compor uma chapa com Serra na posição de vice-presidente (não poderíamos esperar outro comportamento dele a esta altura, claro), essa possibilidade ainda está de pé para alguns, inclusive para mim.

Com o erro da desunião aparentemente contornado, os olhos tucanos passam a se voltar para o outro grande deslize de 2006. O erro no discurso. Se naquele ano o PSDB partiu para o confronto direto, para a troca aberta de golpes, para o discurso anti-Lula, em 2010 o foco deve ser outro. Lula não está mais na cédula eletrônica, e isso deve ser lembrado sempre pelos tucanos. O confronto agora é Serra x Dilma, e não Serra x Lula. O discurso não pode ser o do rompimento, como em 2006. O povo está feliz, novamente, com "tudo isso que aí está". O discurso é o de melhorias. Críticas podem ser feitas, mas elogios aos programas que deram certo devem estar presentes nas falas de Serra. Eles, os elogios a Lula, aproximarão José Serra do eleitor médio, que não é politizado, e dos lulistas menos convictos - que são muitos, se considerarmos que boa parte dos 70% que aprovam o governo Lula dão conceito "bom", mas não "ótimo", ao presidente. De quebra, ajudarão a desfazer aquela que será a maior arma dos petistas: a tentativa de reforçar a imagem de Serra como um anti-Lula, como alguém que vai acabar com todos os planos bem sucedidos do atual governo. Essa transmissão de confiança é fundamental, e se dá aos poucos, sem palavras inflamadas ou discursos magnânimos. É um trabalho de formiguinha, feito no dia a dia.

Em suma, o PSDB tem tudo para voltar ao poder, e melhorar ainda mais a vida dos brasileiros. Tem um candidato forte, José Serra, que lidera todas as pesquias de opinião com ampla margem de vantagem, e governa com sucesso e boa aprovação o maior colégio eleitoral do país. Tem ainda um importante cabo eleitoral, Aécio Neves, que é jovem, ousado, com grande poder de influência entre os jovens, que goza de estupendo prestígio no segundo colégio eleitoral do país, e que não bastasse isso, ainda rouba votos de Dilma por sua proximidade com os governistas e por sua grande habilidade política. Se não errar no alvo, a chance de nova derrota para os tucanos diminui consideravelmente. Torna-se mínima, ao meu ver.

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